Área de Concentração
HISTÓRIA, CULTURA E SOCIEDADE
O Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Campina Grande tem como principal objetivo a formação de excelência de recursos humanos em nível de mestrado, com ênfase na área de concentração Cultura e Sociedade. O conhecimento histórico exige, primeiramente, a organização dos fatos a partir de práticas empíricas, como pesquisa, catalogação e interpretação de fontes documentais e bibliográficas. Em seguida, cabe aos historiadores articular os resultados dessa investigação em um modelo explicativo, tendo como eixo norteador a contextualização crítica e compreensiva das temáticas sociais e culturais estudadas.Dessa forma, as experiências sociais e individuais, ao longo de diferentes recortes temporais, são problematizadas por meio de análises que evitam reducionismos, determinismos e anacronismos. Diferentes sujeitos, manifestações culturais, eventos e classes sociais são interpretados a partir de vestígios materiais e imateriais, fornecendo indícios sobre modos de ser e estar em distintas espacialidades e temporalidades. Sendo um campo de conhecimento fundamentado na constatação da alteridade humana, a história promove reflexões teóricas e metodológicas sobre práticas cotidianas, tensões e conflitos sociais, formas de dominação e resistência, relações de poder, subjetividades e individualidades em contextos rurais e urbanos, bem como sobre processos educativos, cidadania, representações e discursos situados em espaços e tempos específicos.A partir desta abordagem, o PPGH considera a pesquisa histórica de maneira indissociável entre sociedade e cultura, adotando uma perspectiva plural nas reflexões teóricas e metodológicas. O objetivo é compreender as ações dos sujeitos dentro das estruturas sociais, culturais e econômicas, reconhecendo os aspectos que limitam e/ou possibilitam suas práticas e visões de mundo. Com esse foco, o PPGH abre espaço tanto para temas recentes na historiografia, como estudos sobre população LGBTQIA+ e questões étnico-raciais, quanto para temas mais tradicionais, como relações de trabalho e cultura popular.A área de concentração Cultura e Sociedade está estruturada em problemáticas que englobam experiências sociais, representações e discursos de grupos ou sujeitos históricos situados em contextos rurais e urbanos, com ênfase nos cenários regionais e nacionais. O campo historiográfico passou por transformações significativas no último meio século, com novas abordagens, crítica ampliada das fontes e reinterpretação das relações entre presente e passado. Em meio a essas mudanças, é essencial equilibrar a reflexão teórica com a empiria, garantindo um debate historiográfico dinâmico e pluralista.A noção de cultura, polissêmica por excelência, exige uma abordagem cuidadosa. Peter Burke, historiador cultural inglês, identificou cerca de 200 definições para o termo. Durante muito tempo, cultura foi entendida como "alta cultura", restrita às elites, enquanto expressões culturais populares foram marginalizadas. Marc Bloch, fundador da Escola dos Annales, destacou a necessidade de estudar o meio humano em sua totalidade, e não apenas segmentos isolados da realidade. Assim, a área de concentração do PPGH não concebe cultura como uma instância fixa, mas como uma dimensão complexa da experiência humana, atravessada por relações de tensão, conflito e resistência.A pluralidade epistemológica também marca o corpo docente do PPGH/UFCG, composto por pesquisadores de diversas regiões do país e formados em diferentes vertentes teóricas. As influências incluem a história cultural dos Annales, que evoluiu da história das mentalidades para uma abordagem mais antropológica, representada por Georges Duby, Jacques Le Goff e Emmanuel Le Roy Ladurie; a história cultural estadunidense, com Robert Darnton e Natalie Zemon Davis; os estudos culturais, focados em gênero e pós-colonialismo; a viragem linguística americana, com Hayden White e Paul de Man; a história pós-moderna e pós-estruturalista, centrada em Michel Foucault; o materialismo histórico, com Karl Marx e seus desdobramentos nos trabalhos de Rosa Luxemburgo, Antonio Gramsci, Walter Benjamin, E. P. Thompson e Eric Hobsbawm; e a micro-história italiana, com Carlo Ginzburg e Giovanni Levi.Além dessas influências, o PPGH busca integrar perspectivas de intelectuais negros, quilombolas e indígenas, fundamentais para a descolonização do saber histórico. Autores como Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Angela Davis, Antônio Bispo e Ailton Krenak contribuem para redefinir a forma como cultura e experiência social são pensadas, combatendo epistemicídios e ampliando as fronteiras do conhecimento histórico.Diante dessa diversidade teórica e conceitual, o PPGH adota uma abordagem pluralista, permitindo um diálogo entre distintas matrizes intelectuais. A convivência entre diferentes tradições historiográficas e filosóficas é um dos pilares do programa, que busca garantir um ambiente de formação acadêmica aberto ao debate e à inovação historiográfica. A definição pela área de concentração Cultura e Sociedade, portanto, vincula-se ao interesse do PPGH em ampliar as possibilidades de aceitação de projetos de pesquisa a serem desenvolvidos por pesquisadores/as no interior da Paraíba, uma vez que ela abrange estudos históricos que articulam aspectos culturais, sociais, políticos e econômicos, considerando a complexidade das interações entre os sujeitos e suas sociedades ao longo do tempo.
Redes Sociais